Análise de “A Triste Partida”
A música "A Triste Partida" a qual fez um
grande sucesso na voz do ilustríssimo Luiz Gonzaga, fala do nordeste em período
de grande seca. Inicialmente a letra nos mostra que os meses foram se passando
e a chuva que é tão importante para a região, não veio. Procura mostrar o medo
de viver na miséria do povo, que apela para as simpatias que costumam prever se
vai chover ou não, já que a chuva é parte do instrumento de trabalho de um
agricultor. As barras que Patativa de Assaré (compositor) fala na letra, são as
barras de chuva, que se formam no céu e dão esperança de quem vem chuva logo.
Assim como as pedras de sal que eram expostas ao sereno, e os que se
desmanchavam com o efeito do mesmo, indicavam os meses que iria haver chuva. Mas essas barras não se formaram, como previam na época de natal, essas que eram
de grande necessidade, pois simbolizavam que o próximo ano teria um bom inverno.
Ao decorrer da música vemos que se passam janeiro, fevereiro
e nada muda, fazendo então, o “nortista” (nordestino) pensar consigo se seria algum
castigo de Deus. Passa-se março, mês que tem um dia reservado às crenças. De
acordo com o agricultor, se no dia 19 de março (dia de São José) chover, virá
chuva por algum tempo, mas a chuva não veio.
Após tanto tempo sem a preciosa chuva, o homem nordestino perde as
esperanças. Em busca de vida melhor, ele diz à família que vai vender tudo o
que eles têm para viver em “terras alheias”, mas ainda com esperança, crendo
que vão voltar para sua terra, e tudo ficará bem novamente.
Vendendo
todos os seus pertences por muito pouco dinheiro, para um fazendeiro poderoso,
o nortista vai com a cara e a coragem, basicamente apenas com as roupas do
corpo, põe sua família em um caminhão e de acordo com a distância de sua terra,
aumenta a saudade da mesma, terra esta que por mais sofrida que fosse a vida
lá, era o seu lugar.
Ao
chegar a São Paulo, o nortista vai logo em busca do propósito, emprego, vida
melhor. Depois de muita humilhação, o
pobre homem consegue um trabalho, e pela falta de recursos, pede dinheiro ao
seu patrão para suprir não só suas necessidades, mas também, de sua família,
fazendo assim dívidas sobre dívidas, e sem poder pagar um “tostão”. Trabalha
por vários anos, para primeiramente quitar as dívidas, mas sempre pensando no
seu velho, sofrido e tão bom sertão.
Na Música “A Triste Partida”, Patativa do Assaré
mostrou exatamente o que muitas famílias pobres do interior do Nordeste faz: o
êxodo rural, que infelizmente já se tornou uma característica nordestina. Esta
música foi apenas um terço de todo o sofrimento pelo qual famílias têm passado
ainda nos dias de hoje, famílias com homens e mulheres trabalhadores que se
tornam escravos do seu próprio destino e não podem fazer nada em relação a
isso.
Ingrid Lira de Barros.
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